Camila Gusmão
Assim como em outros cultivos, problemas fitossanitários também estão presentes no dia a dia do heveicultor. Até o ano 2000, uma das doenças mais comuns nas plantações de seringueira da Bahia era o mal-das-folhas, causado pelo fungo Microcyclus ulei. Requeima, mandorová e doenças de painel também ocorriam e, mais tarde, Colletotrichum spp. causando a antracnose.
Quanto às pragas, o ácaro branco e o ácaro vermelho estavam presentes em muitas das plantações de seringueira, e, a partir de 2013, começaram os ataques de percevejo-de-renda.
Alguns anos se passaram e, em 2017, surgiu a crosta-negra, uma doença fúngica que vem se alastrando nas regiões produtoras de borracha natural da Bahia e provocando a redução de 50% da produção de coágulo na safra 2020/2021.
Embora a doença seja atribuída aos fungos Phyllachora huberi e Rosenscheldiella hevae, que podem ocorrer de forma isolada ou em conjunto, existe a suspeita da invasão de fungos das espécies Colletotrichum spp. e Corynespora cassicola Berk & Curt agravando a doença nas árvores.
“A crosta-negra encontrou condições ambientais ideais no Baixo sul da Bahia para manifestar epidemias severas, reduzindo a produção de borracha natural em até 50% na safra 2020/2021. Os primeiros sintomas são perceptíveis em folíolos ainda jovens, havendo desfolha progressiva e lenta das plantas até reduzir a área foliar em até 80%, cerca de quatro a seis meses após refolhamento normal da seringueira, período em que ocorre a ação danosa de outras pragas”, explica Adonias de Castro Virgens Filho, heveicultor e pesquisador da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A crosta-negra é considerada uma doença secundária e sem importância na região amazônica, devido à existência de inimigos naturais na floresta, mas, na Bahia, encontrou condições ambientais favoráveis e grande parte das plantações com clones suscetíveis.
Segundo Virgens Filho, que realizou um levantamento em 17 empresas, houve uma redução de 37,8% na produção anual de coágulo entre 2017 e 2020, de 1,48 milhão de quilos para 923,3 mil quilos.
A aplicação de agrotóxicos para o tratamento da doença é complicada na região, uma vez que o Baixo Sul, principal região produtora de borracha natural da Bahia, possui áreas íngremes, dificultando assim a aplicação de produtos químicos ou biológicos por via terrestre, ou mesmo via aérea.
“A opção do momento é o controle químico, mas há necessidade de oficializar o registro da extensão de uso do fungicida para a seringueira, já em andamento. Quanto à pulverização, a alternativa mais viável para os seringais é o uso de trator com a pulverização em baixo volume, ultrabaixo volume ou ‘fogging’ - que têm vantagem sobre as anteriores -, mas precisam ser validadas. A alternativa que queremos é a utilização de drones pela melhoria nas condições de uso e provável redução de custo”, explica o pesquisador.
“A queda da produção baiana se deve ao envelhecimento dos seringais, ausência de políticas visando à modernização da heveicultura e ao aparecimento de pragas quarentenárias. O cenário tem provocado o êxodo da mão de obra local para outras regiões. O quadro é crítico e exige medidas de defesa sanitária, investimento em pesquisa e implementação de um programa de renovação dos seringais no modelo SAF seringueira e cacau”, conclui.
Foto: UNESP/ Edson Luiz Furtado
Camila Gusmão
O mundo está vivenciando uma série de alterações climáticas, com o aumento da temperatura média global e irregularidades das chuvas. Enquanto algumas atividades emitem grandes quantidades de gases causadores do efeito estufa, que contribuem para a aceleração das mudanças no clima, a seringueira absorve gás carbônico da atmosfera e se apresenta como uma forte aliada do meio ambiente.
O assunto foi apresentado durante o VII Congresso Brasileiro de Heveicultura (CBH2021), realizado na segunda semana de novembro no Teatro Municipal Erotídes de Campos, mais conhecido como “Teatro do Engenho”, no Parque do Engenho Central, em Piracicaba (SP).
Gilberto Alvares dos Santos, advogado da G. Ambiental & Crédito de Carbono, explicou como o heveicultor pode ingressar no mercado de crédito de carbono durante sua apresentação.
“O heveicultor precisa ter um projeto bem estruturado, de uma empresa que monitore e certifique a quantidade de carbono que a sua plantação de seringueira pode absorver”, afirmou Santos.
O mercado de créditos de carbono surge com a assinatura do Protocolo de Quioto, em 1997, quando foram estabelecidas metas de redução de emissões para os países desenvolvidos - ou de economia em transição para o capitalismo -, e criados três mecanismos de flexibilização: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Por meio do MDL, um país desenvolvido pode comprar “créditos de carbono” resultantes de atividades de projeto desenvolvidas em qualquer país em desenvolvimento que tenha ratificado o protocolo. Assim, em termos práticos, se introduziu um custo monetário para o direito de poluir o ar.
Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o conceito de carbono equivalente.
Os preços pagos por unidade de crédito de carbono podem variar de US$ 1 a US$ 137 por tonelada de dióxido de carbono equivalente, e a expectativa é que os valores se multipliquem de 10 a 15 vezes até o ano de 2030.
Segundo um relatório da consultoria financeira Refinitiv, o mercado de créditos de carbono aumentou 20% em 2020, movimentando US$ 227 bilhões.
O VII Congresso Brasileiro de Heveicultura foi promovido pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) e pela Lateks Comunicação, gestora do portal Borracha Natural (borrachanatural.agr.br). Cerca de 350 pessoas participaram do evento, realizado com participação presencial e virtual.
(Publicado em Congresso de Borracha)
O Congresso Brasileiro de Heveicultura – CBH é um dos mais importantes Fóruns Brasileiro de intercambio e atualização sobre diferentes assuntos ligados ao setor de borracha natural. Neste ano, o evento acontecerá de 10 a 12 de novembro, em Piracicaba.
Em sua sétima edição, pretende apresentar, debater e encaminhar propostas e soluções para os principais desafios que afetam o setor.
O evento será aberto para toda a sociedade, em especial para os empresários rurais e industriais, produtores, pesquisadores, extensionistas, professores, consultores, prestadores de serviços, estudantes de graduação e pós-graduação, instituições/entidades públicas e privadas e demais agentes de desenvolvimento que atuam na cadeia agroindustrial da borracha natural.
(Publicado em 25/09/2021 por Serincoop)
A SERINCOOP, Cooperativa dos Seringalistas de Minas Gerais, forneceu “Curso de Reciclagem de Seringueiros”, no período de 15 a 17 de setembro de 2021.
O objetivo do curso foi aprimorar a mão de obra especializada na cultura da seringueira.
A SERINCOOP, situada em Leopoldina na Zona da Mata Mineira, fundada em 1996, vem buscando melhorar a qualidade dos produtos de borracha. Em plena fase de expansão, implantou meios de comunicação entre a Diretoria e os Cooperados, buscando a transparência na gestão.
Recentemente, neste ano fiscal, conseguiu dobrar sua capacidade de fornecimento de borracha ao seu parceiro/comprador “MICHELIN”. O que permitiu a reforma de suas instalações e juntamente com um “Programa de Valorização dos Cooperados”, através da assistência técnica e melhor remuneração da borracha.
(Publicado em 25/07/2021 por Notícias Agrícolas)
A Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniu, na quinta (22), para debater o cenário atual e as perspectivas para os setores da indústria de celulose, da heveicultura e do carvão vegetal para siderurgia.
O presidente da Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural (Abrabor), Antônio Carlos da Costa, falou sobre o mercado de borracha natural. Segundo ele, a cadeia produtiva movimenta R$ 28,7 bilhões, gera mais de 100 mil empregos, sendo 22,8 mil só na heveicultura.
“A cultura da seringueira tem impactos econômicos e sociais extremamente positivos para o agro brasileiro. A extração do látex ou sangria é uma atividade estritamente manual, o que faz dela uma cultura intensiva em mão de obra”, disse o presidente da Abrabor.
Com relação às perspectivas de mercado, Antônio Carlos afirmou que neste ano a demanda por borracha natural deve crescer 5,8% e a produção 5,7%. De 2022 em diante, a taxa de crescimento da oferta deve se manter continuamente mais baixa do que a demanda e os preços devem sofrer pressão altista.
“Se os preços continuarem atrativos, a expectativa para os próximos cinco anos é de um aumento de 40% da área de produção com látex no Brasil”.
Sobre a indústria de celulose no Brasil, o diretor-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), José Carlos da Fonseca Júnior, destacou que o setor está presente em cerca de mil municípios brasileiros e gera mais de 1,7 milhão de empregos diretos. Em 2020, alcançou a marca de mais de US$ 10 bilhões em exportação.
“Temos de mostrar aos consumidores, que estão cada vez mais exigentes, que não há uma folha de papel produzida no Brasil que não venha de florestas plantadas com essa finalidade. São 9 milhões de hectares de eucalipto, pinus e outras espécies para o destino industrial, em sua maioria em sistema de plantio mosaico, onde há manutenção da biodiversidade”.
Para José Carlos, o plantio de árvores tem papel fundamental na mitigação de Gases de Efeito Estufa (GEEs) e enfrentamento das mudanças climáticas. “É um setor que já está no futuro do carbono negativo, graças ao dinamismo e à inovação”.
Durante a reunião da Comissão, o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), Fausto Varela Cançado, fez uma apresentação sobre a atual conjuntura do setor siderúrgico, que atualmente gera mais 9,7 mil empregos diretos e mais de 45 mil indiretos, considerando a silvicultura e a produção de carvão.
Fausto também falou sobre a produção de ferro gusa e sua relação com a demanda por carvão vegetal. O gusa é o insumo básico para a fabricação de aço e produtos de fundição. Em 2020, o Brasil produziu 5 milhões de toneladas de ferro gusa sustentável. Minas Gerais foi responsável por 3,9 milhões de toneladas (77,7%).
“A projeção para 2021 é uma produção de 4,1 milhões de toneladas de ferro gusa verde. O Brasil precisa demonstrar para seus clientes potenciais o diferencial da utilização do gusa a carvão vegetal na produção de aços e fundições”, disse Varela.
(Publicado em 15/07/2021 por Dunlop)
Após atingir a marca de produção diária de 1000 pneus para veículos pesados, ainda em 2020, em sua fábrica no Brasil, a Dunlop segue ampliando sua presença no mercado brasileiro deste segmento. De acordo com a estratégia da marca, esta ampliação possibilita aumentar parcerias com as montadoras de veículos pesados no país, como já previsto no planejamento, além de reforçar o fornecimento de pneus para o mercado de reposição.
Dessa forma, a Dunlop anuncia a mais nova parceria fechada com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, com foco no fornecimento de pneus para a linha de caminhões Constellation, que sairão de fábrica com pneus Dunlop como equipamento original. O pneu escolhido para os veículos da marca é o Dunlop SP320, nas medidas 275/80R22.5 e 295/80R22.5.
O SP 320 é um pneu para aplicação regional e rodoviária e é desenvolvido com a tecnologia Advanced Footprint Control, que otimiza a área de contato com o solo, proporcionando qualidade e durabilidade ao pneu, além de reduzir o desgaste irregular. Com tecnologias inovadoras em toda sua estrutura, os pneus SP320 são pensados para ter não só uma primeira vida útil mais longa, mas também um maior número de reformas, trazendo o melhor custo x benefício da categoria para o segmento.
Vale salientar que todos os pneus fabricados pela Dunlop no Brasil são produzidos com a conhecida tecnologia japonesa TAIYO (Sun) System. Este método inovador de fabricação, tem como principal diferencial a “produção de pneus sem emendas” nas partes de borracha, e foi desenvolvido pela Sumitomo Rubber Industries. O método TAIYO (Sun) System traz uma tecnologia de aplicação de finas fitas de borracha de forma automatizada ao longo da circunferência, minimizando o acúmulo de massa em alguns pontos do pneu, dando forma ao produto que, após a vulcanização, oferecerá melhor distribuição da borracha e um melhor nível de acabamento.
“A Dunlop tem investido cada vez mais no segmento de veículos pesados no Brasil e essa parceria reforça nossos esforços. Além disso, este fornecimento certifica a qualidade dos pneus Dunlop para atender aos requisitos das principais montadoras do país. Nosso objetivo é oferecer os melhores produtos ao mercado brasileiro e ampliar nossas parcerias junto ao fornecimento de equipamento original é um dos meios de atingirmos esse objetivo” explica José Eduardo Romeiro, Gerente de Equipamento Original da Sumitomo Rubber do Brasil.
(Publicado em 08/07/2021 por CONAB)
Nove produtos receberão bonificação do Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF) em julho. Os cálculos realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) incluíram, neste mês, a borracha natural, o cacau e o feijão caupi, além de outros seis produtos que permanecem da lista anterior. Os itens e estados contemplados foram divulgados no Diário Oficial da União, nesta quinta-feira (8).
No caso do cacau e da borracha, a inclusão ocorreu em virtude do reajuste nos preços de referência ocorrido em junho, com validade até 2022. A atualização promove a garantia de renda dos produtores. Para o cacau, por exemplo, entre maio e junho não houve variação no valor recebido pela cultura, enquanto a borracha teve variação negativa de 6,25%.
No PGPAF, são contemplados os cultivos cujos preços recebidos pelo produtor ficaram abaixo da garantia. A publicação da portaria com os valores do bônus mensal é realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que também repassa aos agentes financeiros. Estes, por sua vez, concedem o desconto aos produtores nos seus financiamentos do Pronaf de forma automática, sem necessidade de solicitação. Nesta edição, o benefício entra em vigência a partir do dia 10 de julho, com validade até 9 de agosto.
O bônus referente à borracha natural é direcionado ao produto comercializado no Maranhão, onde no mês de junho a matéria-prima foi comercializada em média a R$ 3,00, ou seja, 12,02% abaixo do preço de garantia (R$ 3,41). O cacau do Amazonas também passa a integrar a lista, uma vez que o valor de referência foi definido em R$ 9,14 e a média de mercado foi de R$ 8,00, recebendo percentual de 12,47% de desconto no Pronaf.
Além da borracha e do cacau, passaram a receber bônus também em julho: banana (ES), castanha-de-caju (PB), feijão caupi (MT) e maracujá (CE). Permanece ainda o benefício para o açaí (AC), banana (AL e PB), cará/inhame (ES), castanha-de-caju (PE e PI), maracujá (BA, SE, SC e GO) e manga (BA). Desses, quem recebe maior bônus é o cará/inhame comercializado no Espírito Santo, com percentual de bônus de 36,31%, seguido do maracujá na Bahia, com 36,26%.
(Publicado em 07/05/2021 por ABTB)
O Congresso Brasileiro de Tecnologia da Borracha, principal evento do setor no país, foi um sucesso, atraindo centenas de pessoas nos dias 28 e 29 de abril de 2021.
Realizado em 3 salas simultâneas nos dois dias, o congresso reuniu palestrantes nacionais e internacionais com o que de melhor se produz em termos de trabalhos técnicos no segmento, em um evento totalmente digital, online.
Foram mais de 40 palestras e ministrantes de 6 nacionalidades que mantiveram a atenção do público até o último minuto, respondendo inúmeras perguntas e impulsionando o conhecimento.
Apresentadas e mediadas pela ABTB, as palestras tiveram como hosts o Vice-Presidente, André Mautone, a Suplente de Diretoria Cultural, Profa. Dra. Marly Jacobi, o Gerente Cultural Sul, Eder da Silva, e Jordão Gheller, do SENAI/RS.
O Congresso é fruto da manutenção do propósito da ABTB de fomentar o setor da borracha no cenário que se apresentar. Mesmo diante dos desafios impostos pelo distanciamento, a entidade produziu um evento com denso conteúdo técnico, apresentando estudos, inovação, pesquisa e tecnologia.
Novos produtos e soluções chegando ao mercado, novidades da academia e o futuro do segmento estiveram no centro do debate, rendendo agradecimentos e elogios em múltiplos continentes, unidos em um evento global.
Com mais de 40 eventos digitais realizados em 2020, atraindo mais de 4 mil pessoas, a ABTB pavimentou o caminho para a realização de seu principal congresso no modelo digital, atraindo uma média superior de público em relação ao presencial de 2018.
A entidade agradece a todos os congressistas, apoiadores e patrocinadores, nominalmente: Arlanxeo e Cabot, como patrocinadores Ouro, Birla Cabot e Nynas, como patrocinadores Prata, e Evonik, como patrocinador Bronze.
(Publicado em 24/05/2021 por ABTB)
Nos seringais da região de Rio Preto, que representam 56% da produção de borracha brasileira, os produtores se preparam para o pico da colheita, com a expectativa de preços mais atrativos pagos nos últimos dez anos. Neste mês, o quilo da borracha (GEB10) atingiu os R$ 10,54, 14,9% a mais que os valores pagos nos meses de fevereiro e de março, que chegaram a R$ 9,18. Por outro lado, a baixa produtividade das seringueiras, impactada pelas adversidades climáticas, a demanda maior pelo produto, além das incertezas causadas pela pandemia do novo coronavírus, deixam o setor em sinal de alerta para a possível escassez de borracha, como analisam especialistas e produtores rurais.
"O Brasil não é autossuficiente na produção de borracha e o mercado ainda depende de 70% da importação do produto de países da Ásia, o que traz certa preocupação para as indústrias de pneus, que têm as maiores demandas da borracha", explica o presidente da Associação Paulista dos Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural (Apabor) e produtor rural, Fábio Magrini.
O mercado da borracha natural com a pandemia do novo coronavírus, no ano passado, já apresentava a preocupação com as medidas de isolamento social que paralisaram a produção das indústrias pneumáticas no País. De acordo com Magrini, em 2021, ainda em decorrência da pandemia, os estoques reguladores de borracha envolveram os transportes de carga marítima para a importação da borracha, e que estão levando maior tempo para escoar o produto, mais um dos motivos apontados de possível escassez da borracha nas indústrias.
Para o presidente da Apabor, "tudo na agricultura depende do mercado e a gente acompanha de perto toda essa cadeia do campo às indústrias". Ele aponta que um fator positivo para os produtores de látex nesta safra foi que não houve a paralisação das indústrias, como ocorreu o ano passado por causa da pandemia da Covid-19. "Por enquanto, as indústrias de pneus estão comprando a borracha e as usinas de beneficiamento estão mantendo os estoques que chegam do campo", diz Magrini.
No campo, Magrini afirma que o impacto climático afetou a produtividade das seringueiras, o que também sinaliza para a menor produção do látex da safra 2020-2021. "No ano passado tivemos tempo muito seco, com a umidade relativa do ar muito baixa, o que reduziu o fluxo da seiva na planta. Este ano, as chuvas estão muito irregulares, o que também não é bom para realizar a sangria nos painéis das seringueiras", comenta ao lembrar que a safra da seringueira teve início em setembro do ano passado e termina em agosto de 2021.
Neste cenário, o engenheiro agrônomo e diretor agrícola da Planthec, Cássio Scomparin, diz que as usinas de beneficiamento de borracha estão com volume menor do produto em comparação a safras anteriores. "Há uma preocupação quando conversamos com o setor da indústria de pneus, não sabemos o que vai acontecer com relação à pandemia, em decorrência das medidas de fechamento de comércio", comenta Cássio.
A possibilidade de escassez da borracha natural, segundo o diretor executivo da Apabor, Diogo Esperante, está muito relacionada com o fornecimento internacional asiático, "já que a demanda interna do produto é de 40% do que nós produzimos". A situação da logística para a importação do látex vindo de países como Tailândia e Vietnã também encareceu os custos com contêineres. "Os custos com a importação ficaram muito altos diante da valorização do dólar. Além disso, o setor da borracha natural enfrenta o período de entressafra em todo mundo e as indústrias brasileiras passam a disputar mais a borracha produzida no Brasil", diz Esperante.
No Brasil e nos seringais da região Noroeste do estado de São Paulo, Esperante lembra que a produtividade ficou 30% abaixo nesta safra e que a pandemia do coronavírus também contribuiu para uma demanda reprimida da borracha em todo o mundo. "Mas ainda acreditamos que temos condições de produzir bem nesta safra, com os preços de coágulo da borracha muito valorizados, com a alta do dólar, o que motiva muito os heveicultores."
Produtividade
Pela estimativa do Instituto de Economia Agrícola (IEA) /Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a produção da safra agrícola da seringueira para o ciclo 2020-2021 será de 250,2 mil toneladas de coágulo de borracha, aumento de 1,0% em relação à safra agrícola 2019/20. O acréscimo de 1,1% da área produtiva, com a entrada de 1,2 mil hectares de seringais a serem sangrados, explica a alta. No total, segundo o levantamento, a área cultivada (nova e em produção) tem redução de 1,1% e contabilizam 133,9 mil hectares nesta safra.
Na gestão técnica de 35 seringais da região e com uma produção de 5 mil toneladas de borracha anuais, a Cooperativa Hevea Forte, de Monte Aprazível, investe na especialização da mão-de-obra. O diretor da Cooperativa e engenheiro agrônomo, Nilson Augusto Cardoso Troleis, explica que o trabalho dos 400 sangradores é importante para manter a heveicultura, setor de grande potencial no Noroeste Paulista.
"A assistência técnica, com o treinamento dos trabalhadores e as visitas ao campo sempre serão a nossa estratégia, o desafio na produção dos seringais. Hoje o setor está excepcional para a produção da borracha, com demanda e mercado comprador", destaca Nilson. Ele lembra ainda que a produção das seringueiras pode ser de até 40 anos, o que implica em muita tecnologia de gestão, para atingir os níveis de produtividade das árvores.
Renato Arantes, supervisor de compras da empresa de beneficiamento de borracha natural Noroeste Borracha, de Urupês, afirma que o estoque regulador do produto está normal. "Estamos monitorando os seringais devido à baixa produtividade registrada nesta safra", explica. Segundo ele, até o mês de março a queda na produção dos seringais foi de 25% em relação ao mesmo período de 2020.
O clima interferiu muito na produção, com período seco na entressafra das seringueiras para a temporada de 2021, na avaliação do supervisor da usina. "Como a produção de látex necessita de chuvas e o período chuvoso não foi o esperado, tivemos muito déficit hídrico, o que reflete nos meses de pico da colheita do seringal", diz Renato.
A estimativa de produção na empresa é de 22 mil toneladas de borracha seca por ano, sendo que a maior parte do beneficiamento da borracha é comercializada entre as indústrias pneumáticas, de acordo com Renato. Ele lembra que no ano passado, com o início da pandemia no País, as indústrias de pneus paralisaram as atividades, o que provocou os maiores estoques do produto nas usinas de beneficiamento. Porém, este ano o fornecimento está controlado, com o escoamento normal da borracha e a atenção maior voltada para o campo, pelo fato da produtividade menor das seringueiras.
Venda de pneus
As vendas totais da indústria brasileira de pneus fecharam o ano de 2020 com baixa de 12,9% em comparação com o ano anterior, segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). A baixa no acumulado do ano foi observada nas vendas de todos os segmentos, como os pneus de passeio (-19,2%), comerciais leves (-13%), carga (-1,8%) e moto (-1,2%).
O levantamento aponta também que, mesmo apresentando sucessivos meses de boas vendas, incluindo o mês de dezembro 9,5% maior em 2020 do que foi em 2019, o setor não conseguiu reverter perdas com as vendas dos meses de grande baixa. Esse comportamento pode ser observado nos segmentos de comerciais leves (27%), carga (25,8%) e motocicleta (20,3%).
Em nota enviada pela assessoria de comunicação, o presidente executivo da Anip, Klaus Curt Müller diz que "em um ano totalmente único, com suspensão de produção por um período determinado e de amplas medidas de prevenção em relação à Covid-19 que ainda permanecem, a indústria de pneumáticos no Brasil respondeu prontamente as necessidades de todos os mercados, inclusive com crescimento no fornecimento do equipamento original".
Para este ano, os dados do levantamento da Anip apontaram que a indústria nacional de pneus vendeu, no mês de março, 4.967.094 unidades, resultado 11% maior em comparação com março de 2020, tendo como principal destaque o segmento de comercial leve, com crescimento de 31,6%. Na comparação com o mês de fevereiro a alta foi de 9,9%, com o crescimento das vendas dos segmentos de comercial leve (24,7%), motocicleta (17,5%) e carga (11,9%). Diante desses resultados, o acumulado das vendas em 2021 está 5,4% maior do que no mesmo período de 2020, conforme o levantamento setorial divulgado pela Anip. (CC)
Texto: Diário da Região
(Publicado em 19/04/2021 por Borracha Natural)
Marcada originalmente para acontecer em 2020, a 14ª edição da Feira Internacional de Tecnologia, Máquinas e Artefatos de Borracha (Expobor) acabou sendo transferida para o próximo ano frente às recomendações e determinações oficiais dos órgãos de saúde pública para o combate do novo coronavírus (SARS-CoV-2).
De acordo com a Francal Feiras, a Expobor e a Feira Internacional da Indústria de Pneus (Pneushow), duas das maiores feiras da indústria de borracha na América Latina, devem acontecer de 22 a 24 de junho de 2022, no Expo Center Norte, na cidade de São Paulo.
Segundo Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras, em 2022 haverá plenas condições para a realização dos eventos de negócios na capital paulista, ressalvando-se, claro, a manutenção das medidas de segurança sanitária constantes no protocolo da Francal e dispostas pelas autoridades competentes, como a obrigatoriedade do uso de máscara, distanciamento social, higienização dos ambientes e outras que se fizerem necessárias.
“Portanto, para nós, sim, esta data é definitiva e acreditamos que as feiras marcarão a retomada do mercado da borracha no país e representarão um marco estratégico para a retomada econômica dos setores da borracha e de pneus”, afirma.
A Expobor é realizada com a cooperação da Associação Brasileira da Indústria de Artefatos de Borracha (Abiarb) e do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha e da Reforma de Pneus no Estado de São Paulo (Sindibor), enquanto que a Pnewshow conta com a colaboração da Associação Brasileira de Reforma de Pneus (ABR) e da Associação das Empresas Reformadoras de Pneus do Estado de São Paulo (Aresp).
Todos os envolvidos acreditam que a vacinação terá avançado e a pandemia de Covid-19 estará sob controle à época da realização das feiras, marcando definitivamente a recuperação gradativa da economia.
“Expobor e Pneushow estão sendo planejadas junto às associações parceiras de maneira a serem um marco na retomada dos negócios da borracha e do pneu, inclusive no cenário internacional. Assim, considerando sua periodicidade bienal e o remanejamento das datas, ambas feiras voltam a ocupar seu lugar no calendário mundial dos principais eventos da indústria da borracha”, destaca.
A última edição das feiras, em 2018, reuniu 190 expositores nacionais e internacionais e recebeu quase nove mil visitantes profissionais durante seus três dias.
Segundo os organizadores, a expectativa é que haverá uma readequação desses números no período pós-pandemia, quando o setor de eventos como um todo será impactado pela nova realidade mundial.
“Os eventos são de grande relevância não só para a apresentação de novas soluções tecnológicas para os dois setores, mas também pelo alto nível técnico do conteúdo ofertado nos seminários e palestras, além da grande oportunidade para networking e troca de experiências de todo o mercado. Além disso, as feiras representam o Brasil no calendário mundial de eventos destes setores, já que se posicionam como as maiores da América Latina. Todo o mercado da borracha e de pneus está ansioso pela nova edição da feira, assim como nós, da Francal Feiras”, finaliza Abdala.
Eventos integrados
Juntamente com a Expobor, será realizado o 10º Encontro Nacional da Borracha Natural. Promovido pela LATEKS, mantenedora do portal Borracha Natural, o evento é o único espaço dedicado à discussão de temas específicos da cadeia produtiva da borracha natural.
Durante a feira, acontece também o 19º Congresso Brasileiro de Tecnologia da Borracha, realizado pela Associação Brasileira de Tecnologia da Borracha (ABTB).
SERVIÇO
EXPOBOR
Feira Internacional de Tecnologia, Máquinas e Artefatos de Borracha
https://expobor.com.br/
(Publicado em 22/01/2021 por Apabor)
Esta semana a APABOR foi surpreendida com uma declaração do Governo Federal de que reduziria a taxa de importação dos Pneus de Carga (dos atuais 16% para 0%) com o objetivo de contribuir para a redução dos custos operacionais do transporte rodoviário de cargas no Brasil.
Nesta quinta-feira, em reunião do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) – núcleo colegiado da Camex – foi aprovada a alteração da alíquota. (veja mais).
O anúncio, em tese, teria sido motivado pelo descontentamento da classe dos caminhoneiros com relação as medidas de apoio do governo ao setor. Contudo, nos cabe esclarecer, que tal medida não só não resolve o problema dos caminhoneiros, como de quebra, dá um “tiro no pé” da Cadeia Produtiva Brasileira da Borracha Natural com possíveis impactos em todos os elos, principalmente o mais vulnerável de todos: o Elo do Produtor Rural (seringueiros e seringalistas).
Para entender esta linha de raciocínio, vale o registro de alguns importantes pontos.
Mas antes, destaque para as ações que a APABOR, APROB, COOPEBORES e HEVEACOOP colocaram em prática por meio da sua representação Federal, a ABRABOR, para tentar conter este erro, com reuniões em Brasília com todos os Ministérios pertinentes e apresentação de Ofícios a todos os mandatários de importância na matéria.
LEIA NA ÍNTEGRA O OFÍCIO REDIGIDO PELA ABRABOR
Tal gestão foi feita em alinhamento com outras entidades da Cadeia Produtiva como a ANIP e a ABIARB. Para nosso pesar, mesmo com todos os esforços, o governo seguiu com a diretiva da redução.
Vamos aos fatos: Porque a redução não resolve o problema dos caminhoneiros?
É patente que a situação difícil que vive o setor de transportes no país não será resolvida com redução da taxa de importação de pneus de carga. Isso porque, em tese, nem mesmo a alta dos preços dos pneus será aplacada com essa redução.
Para entender esta afirmação temos que ter claro qual a origem do atual processo inflacionário nos produtos pneumáticos. Esta, esta relacionada a disrupções na produção de diversos insumos (dentre os mais de 200 tipos de insumos necessários para fabricação de pneus).
Estas disrupções, causadas pela pandemia, recentemente atingiram também a logística marítima triplicando os valores de frete em um cenário de total escassez de capacidade logística no transporte marítimo internacional.
Isto posto, temos de ressaltar que a importação de pneus hoje é uma estratégia fadada ao fracasso pois lhe faltam condições estruturais para ser uma alternativa eficiente.